segunda-feira, 5 de março de 2012

Nota sobre A Invenção de Hugo Cabret.

Coisa linda de cinema. Scorcese realizou aqui um espetacular filme de fantasia. Dá pra sentir algumas vezes o estilo sombrio e magro do diretor de filmes Os Infiltrados e Os Bons Companheiros, sendo que algumas cenas não conseguem sustentar o enredo profundo e angustiante, acabando por deixar certas sequências incompletas e desgastantes. Outro negativo é a atuação mediana de Asa Butterfield, o Bruno de O Menino do Pijama Listrado, que não convence em cena. Ja a adorável Chloë Grace Moretz (de inacreditáveis 15 anos), que faz a sonhadora Isabelle, é um espetáculo de graça. Mas quem brilha em cena realmente é o talentoso Ben Kingsley, que interpreta um amargurado e carrancudo Méliés pós-esquecimento. O elenco ainda conta com o super engraçado Sacha Baron Cohen (que atropela com sua perna insustentável quase todo o elenco de figurantes atrás de Bruno), Jude Law (não menos importante, com seu sorriso enxuto e seu olhar 43), Christopher Lee, Richard Griffiths (a galerinha de Harry Potter conhece bem), e ainda Helen McCrory. É um super elenco.






Fazendo um balanço entre o roteiro massante e pouco embasado do talentoso John Logan com a direção profissional, cabível e característica de Martin Scorcese podemos ver que há alguns complementos visuais e estéticos da linguagem a ser considerados. 


Porém, é inegável toda a direção de arte, todos os efeitos visuais e sonoros; uma trilha sonora muito interessante. Uma complexa estrutura técnica que impressiona mesmo sem a tecnologia do 3D. É curioso e ainda gratificante ver Scorcese remoer um assunto tão linear e previsível como são os filmes de fantasia. Mais tornará um clássico, uma bela homenagem ao cinema e seus primórdios. Agora vejo que alguns poucos diretores podem impressionar, como foi aqui o caso de Scorcese. 






Você vai sonhar com a história de Hugo Cabret, um menino orfão que tenta de todas as formas desvendar o mistério de um robô, deixado pelo seu pai; se deslumbrar com os variados personagens que convivem numa agitada e radiante estação de trem da Paris perdida; e se entreter com as raras passagens dos filmes clássicos das décadas de 10 e 20, do século passado. Mas, no fim, o que resta somente é o próprio fim. O filme encanta enquanto você usa o óculos 3D, depois nada mais resta, nada mais sobra.


Um filme que será uma delícia pra quem conhece e sabe de cinema (algumas partes do clássico Viagem a Lua são exibidos, assim como outros grandes), e uma ótima diversão para todos que assistem cinema por puro entretenimento.

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